Começo com uma reflexão importante - eu sento aqui, na frente do meu computador, digito nessa maquina maravilhosa, um avanço tecnológico imenso; então, pego meu celular que ao mesmo tempo é uma câmera digital, ligo para alguém do outro lado mundo e converso com ela por vídeo conferência como se ela estivesse aqui ao meu lado...caramba, fantástico; não contente, resolvo ouvir música no meu Ipod, ou melhor, assitir tv (digital) no meu Iphone conectado ao meu e-mail direto, pelo próprio celular claro, para saber como anda a produção da minha empresa, cuja mão de obra é praticamente toda robotizada - isso tudo não é fantástico? - Um mundo desse cheio de modernidade, no qual se você não sabe manipular uma computador você não é ninguém; vai chegar um dia em que aquele que não souber trabalhar com computador passrá fome, se já não chegou. - No entanto, alguém já parou pra pensar em quais circunstâncias se alcançou esta modernidade toda? Quantos e quantos milhões de dinheiro investido para fazer as vezes do nosso capitalismo, diga-se de passagem, "destrutivo", no qual para se obter o crescimento é necessário "passar por cima" de alguém, ou de alguns...Chico Anysio, com toda sua inteligência, denuncia os malefícios desse capitalismo acelerado, desse Mundo Moderno:
Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras, modificando maneiras, mascarando maracutaias, majestoso manicômio. Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres, miscigenação, morticínio - maior maldade mundial.
Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna. Monta matungo malhado munindo machado, martelo, mochila murcha, margeia mata maior. Manhãzinha, move moinho, moendo macaxeira, mandioca. Meio-dia mata marreco, manjar melhorzinho. Meia-noite, mima mulherzinha mimosa, Maria morena, momento maravilha, motivação mútua, mas monocórdia mesmice. Muitos migram, macilentos, maltrapilhos. Morarão modestamente, malocas metropolitanas, mocambos miseráveis. Menos moral, menos mantimentos, mais menosprezo. Metade morre.
Mundo maligno, misturando mendigos maltratados, menores metralhados, militares mandões, meretrizes, maratonas, mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente, modestas moças maculadas, mercenárias mulheres marcadas. Mundo medíocre. Milionários montam mansões magníficas: melhor mármore, mobília mirabolante, máxima megalomania, mordomo, Mercedes, motorista, mãos… Magnatas manobrando milhões, mas maioria morre minguando. Moradia meia-água, menos, marquise.
Mundo maluco, máquina mortífera. Mundo moderno, melhore. Melhore mais, melhore muito, melhore mesmo. Merecemos. Maldito mundo moderno, mundinho merda.
(Mundo Moderno - Chico Anysio)
Esse texto é parte de um monólogo apresentado por Chico Anysio e posteriormente postarei o vídeo aqui...aguardem
Adriano Alex